No início do mês de julho comecei a escrever artigos na minha página aqui no Linkedin. Optei por assuntos com os quais tenho experiência relevante, ou que possuo conhecimento suficiente para opinar.

Desde então, tenho recebido vários e-mails de profissionais solicitando dicas sobre como acelerar o processo de recolocação. Todos apresentam um belo currículo e, para minha surpresa inicial, muitos possuem um nível de atividade muito relevante e contam com milhares de conexões nesta plataforma.

A minha formação em coaching impede que eu faça julgamentos ou análises precipitadas e de modo generalizado. Por isso vou compartilhar a experiência de um profissional que concordou com a divulgação do seu caso, mediante preservação do anonimato.

O profissional em questão tinha mais de 4.000 conexões no Linkedin e estava há mais de 6 meses sem emprego. Além disso, tinha quase dez anos de experiência em finanças, tendo ocupado cargos de coordenação e gerência. Cursou faculdade e pós-graduação na área, mas isso tudo não parecia ser suficiente para agradar ao Senhor Mercado de Trabalho.

A definição do objetivo, uma das primeiras coisas a se fazer, parecia clara antes mesmo de o processo coaching começar: conseguir uma recolocação no mercado de trabalho. Contudo, esta definição é absolutamente genérica e ampla o suficiente para não se chegar a lugar algum. Foi preciso definir com precisão quais cargos e funções são desejadas, desde o objetivo principal (gerente), até o mínimo aceitável (analista pleno).

Já o segundo passo, foi a identificação de três coisas: por que isso é importante,quanto isso é importante e qual o nível de comprometimento para realizar o objetivo.

Parece uma coisa simples, mas as pessoas possuem as mais diversas motivações para buscar um emprego. Há pessoas, que não precisam do dinheiro, mas querem se sentir ocupadas e úteis durante o dia. Para alguns, o orgulho e o reconhecimento familiar e social estão em primeiro lugar e isso passa por ter um cargo relevante em alguma organização. E, claro, muitas pessoas têm a motivação financeira, pois visualizam no emprego a chance de um salário que permita o seu sustento e de sua família.

O que você não está fazendo e que, se fizesse, poderia obter resultados diferentes? Há alguém que você conhece que conquistou uma recolocação rapidamente? O que ela fez para conseguir isso?

No caso deste exemplo, após diversas interações que geraram inúmeros questionamentos, o profissional concluiu que não estava absolutamente comprometido com a sua recolocação e que precisava adotar outras estratégias de atuação, dentre elas:

  • Em vez de apenas se candidatar às vagas oferecidas no Linkedin (ou nos sites das empresas) e ficar aguardando um retorno incerto, o profissional passou a contatar diretamente por telefone, e-mail e Inmail, profissionais de recursos humanos de empresas-alvo, independente de ter a posição em aberto.
  • Redefiniu seu comportamento no Linkedin: deixou de ser um militante que compartilha dezenas de atualizações diariamente, para ser um profissional focado na sua recolocação.
  • Passou a agendar conversas informais com gestores e profissionais de RH, na sede da empresa, ou em cafeterias.
  • Estabeleceu uma rede de aconselhamento, consultando profissionais com alguma relevância para o seu propósito, sobre a existência de vagas ou comportamentos que ele poderia ter para se recolocar.
  • Criou uma meta diária de contatos e uma meta semanal de entrevistas.
  • Ao final de cada conversa, solicitou indicações de pessoas que poderiam ajudá-lo em sua jornada, o que proporcionou acesso a diversos nomes e telefones que sequer estavam em seu radar inicial.

Após duas semanas adotando a nova estratégia, conversou por telefone com mais de 50 pessoas e esteve pessoalmente com 12 profissionais relevantes ao seu objetivo. Nestas conversas, foi convidado a participar de 5 entrevistas, para vagas que sequer haviam sido divulgadas no Linkedin.

Na última quarta-feira (05/08), menos de um mês após colocar em prática a sua nova estratégia de recolocação, chegou o resultado de um destes processos seletivos: o profissional foi selecionado para analista senior de tesouraria em uma empresa de médio porte de São Paulo. A vaga sequer foi divulgada, pois o candidato atendia a todos os pré-requisitos e teve o currículo encaminhado por um gestor de RH de outra empresa, mas que era conhecido do recrutador.

A pretensão inicial do profissional era o cargo de gerente financeiro ou gerente de tesouraria. O cargo mínimo que estava disposto a aceitar era o de analista pleno, mas acabou conquistando o de analista senior.

O que realmente importa é que, finalmente, a busca chegou ao fim e agora o profissional pode se dedicar a outros planos e objetivos. Nas últimas 4 semanas, ele adotou uma postura diferente, conversou por telefone e esteve com profissionais de diversos setores, criando uma rede de contatos a partir do zero, apenas com seu esforço pessoal. Em menos de um mês, participou de mais entrevistas do que nos últimos 6 meses somados.

É justamente em situações como estas que precisamos fazer coisas diferentes para sermos notados e, efetivamente, nos diferenciarmos na multidão. Ainda mais se estamos buscando um novo emprego e a concorrência está cada vez maior.

Pense nisso. Deixe de contar quantos currículos você enviou e passe a contar com quantas pessoas você conversou.

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