Antes de entrar no texto, gostaria de deixar claro que eu não tenho nada contra os sites pagos e acredito sim, que muitas pessoas conseguem emprego por meio deles. Entendo que os sites oferecem um serviço diferenciado e têm o direito de cobrar por isso. Já fui assinante de alguns sites pagos e tive experiências positivas e negativas.

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Os profissionais em busca de recolocação, ou em transição de carreira, encontram nos sites de classificados de emprego uma oportunidade de acessar um grande volume de vagas e de medir a temperatura do mercado de trabalho.

Estes sites de estão segmentados em três principais modelos de negócios:

  • Gratuitos para empresas e usuários.
  • Gratuitos para empresas e pagos pelos usuários.
  • Gratuitos para usuários e pagos pelas empresas.

É preciso entender que, independente do modelo de negócio, este sites na verdade, são empresas. E como toda a empresa, a sua finalidade é gerar retorno para seus acionistas e controladores. Ou seja, é por meio dos sites que as empresas obtém suas receitas e, mesmo que estejam investidas de boas intenções e tenham como missão ajudar o próximo, as empresas visam o lucro.

Como os sites se viabilizam e geram receita?

No modelo gratuito, os sites usualmente se financiam pela venda de anúncios. Como eles possuem um grande tráfego de usuários e visitantes, os serviços automatizados de anúncios são geradores de receitas para o site. Além disso, a venda de anúncios avulsos ou pontuais também ajuda a incrementar o faturamento.

No modelo em que a empresa paga para anunciar suas vagas, a proposta é oferecer um serviço que auxilie no recrutamento e torne o processo mais qualificado. O valor desembolsado pelo cliente, além dos anúncios, costuma englobar diversos serviços ao anunciante, sendo que alguns pacotes incluem testes e avaliações dos candidatos. Além disso, é usual que a empresa tenha uma página exclusiva com o anúncio de suas vagas, gerando captura e engajamento de candidatos. Este modelo de negócio posiciona o site como um aliado da área de recursos humanos e do recrutador. O sistema além de atrair muitos candidatos, promete ajudar a escolher o melhor candidato.

O modelo que desperta mais polêmica é aquele em que o candidato paga pelo serviço. O pagamento costuma ocorrer por meio de uma assinatura que é feita por determinado período e com débitos mensais.

Não é difícil encontrar relatos indignados de usuários furiosos com os serviços. As reclamações vão desde dificuldades no cancelamento da assinatura, até a completa ausência de retorno dos processos seletivos.

Uma das causas da indignação de muitos usuários é a expectativa gerada pelas mensagens publicitárias destes sites. Ao efetuar uma assinatura paga, o candidato se convence que terá acesso às melhores vagas e imagina que será convocado para diversas entrevistas. Para quem está desempregado e ansioso por uma recolocação, essa percepção representa tudo aquilo que o candidato está procurando.

Mas quanto mais o tempo passa e menos retorno o candidato obtém, a euforia inicial e a expectativa de recolocação dão lugar a sentimentos como tristeza e raiva. Tristeza pelo fato de não atingir o objetivo pretendido (recolocação, convites para entrevistas, etc.) e raiva pelo fato de sentir-se enganado e ludibriado. A propaganda do site é bastante convincente, mas o resultado costuma ficar distante da promessa.

Nunca é demais lembrar que em 2002 um dos mais famosos sites do segmento foi condenado a pagar R$ 21 milhões por roubar dados de um concorrente. Em 2008 a mesma empresa teria furtado a base de currículos de outro concorrente e foi condenada a pagar mais R$ 13 milhões de indenização. Ambas as decisões foram em primeira instância e o site apresentou recursos.

Mas afinal, por que estes sites de vagas não dão resultado?

Os sites pagos não dão o resultado esperado por um único e simples motivo: o número de vagas é limitado, mas o número de assinantes é ilimitado. As vagas existem, mas não são suficientes para o enorme número de candidatos.

A verdade é que os sites dão resultado. Muitas pessoas conseguem emprego até no período gratuito, que costuma ser de 7 dias. Mas como tem muito mais candidato que vaga, é natural que apenas uma minoria consiga se recolocar.

Os sites estão interessados em ampliar a sua base de assinantes (e não há nada de errado nisso), mas não estão preocupados aumentar a empregabilidade destes assinantes. Trata-se portanto, de uma faca de dois gumes e uma equação de difícil solução.

Se o usuário consegue emprego pelo site, os motivos para continuar assinante diminuem ou até acabam. Ele pode até seguir com a assinatura por algum tempo, mas se o seu objetivo já foi atingido, a tendência é o usuário cancelar imediatamente, ou não renová-la no vencimento.

Em contrapartida, se o candidato não consegue emprego pelo site, ele reclama e faz propaganda negativa, desencorajando outros usuários a tornarem-se assinantes e arranhando a reputação do site.

A solução encontrada pelas empresas foi vender pacotes de assinaturas com um prazo dilatado. Quanto maior o prazo, maiores as chances de o candidato ser chamado para entrevistas e, consequentemente ser contratado. Porém, a geração de receita estará garantida, pelo menos pelo período considerado suficiente para cobrir os custos de aquisição do assinante e gerar retorno.

E afinal, vale a pena pagar por uma assinatura desses sites?

Depende. 

E eu vou usar um exemplo bastante simples para te responder.

A internet nos permite acessar uma quantidade praticamente infinita de notícias e informações. Quase tudo que precisamos, desde uma receita culinária até construir uma bomba, está disponível na web. Mas ainda assim há muitas pessoas que pagam pela assinatura de jornais e revistas.

Por quê?

Por conveniência, praticidade e preferência pessoal. Quando alguém faz uma assinatura de um jornal, ou de uma revista, é porque deseja receber um conjunto de informações atualizadas e segmentadas, já filtradas e na porta de sua casa ou escritório. Estas informações podem ser para uso pessoal, para compartilhar, ou simplesmente para pertencer àquele grupo de assinantes. Além disso, parte do conteúdo destas publicações nem sempre é disponibilizado gratuitamente na internet, o que torna a assinatura um diferencial.

Então, para responder se vale a pena assinar um site de vagas, eu sugiro que o profissional se faça as seguintes perguntas:

– As vagas informadas no site pago não são divulgadas em sites gratuitos?

– Você se interessa e tem perfil para estas vagas exclusivas?

– O tipo de empresa que você quer trabalhar costuma anunciar neste site pago?

– Qual a garantia que o site oferece?

– O site oferece algum serviço além do currículo e da pesquisa por vagas? Esse serviço vale a pena? Tem algum custo adicional?

– Quem você conhece que teve sucesso no site pago? Como foi a experiência?

E por fim, mas não menos importante:

– O seu currículo está bom o suficiente para concorrer com outros milhares?

De nada adianta pagar para acessar vagas restritas se o seu currículo não estiver compatível com o que você está procurando. Você estará simplesmente queimando dinheiro e sairá infeliz e insatisfeito como serviço.

E, mesmo que o seu currículo seja TOP, vale lembrar o que já foi dito: o número de assinantes é ilimitado e a concorrência só aumenta. Então, não há nenhuma garantia que você vai conseguir um emprego por meio de um site pago. A assinatura serve apenas para abrir mais uma frente para localizar vagas e divulgar o seu currículo, o que, em alguma medida, aumenta as suas chances de sucesso, mas não garante nada.

Por tudo isso, antes de contratar uma assinatura, considere a hipótese de que é possível não ser convidado para nenhuma entrevista naquele período e certifique-se que o valor investido não lhe fará falta.

E é isso.

Esse tema é polêmico. Sites pagos têm fãs e desafetos.

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